Desde sexta-feira (04), em Belém, aconteceu o evento denominado, Diálogos Amazônicos, uma prévia à Cúpula da Amazônia que reunirá chefes de Estado dos países da região entre os dias 8 e 9 da próxima semana.

Se reuniram nesse final de semana vários representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países amazônicos em diversas frentes, com o objetivo de formular sugestões para a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região.
O evento, como já foi dito, integra a programação da Cúpula da Amazônia e seus resultados serão apresentados por representantes da sociedade civil aos líderes reunidos na Cúpula onde participarão os presidentes do Brasil, Bolívia Colômbia, Guiana, Peru, Venezuela, e por questões internas, Equador e Suriname não confirmaram a presença de seus presidentes, mas enviarão representantes oficiais.

As atividades foram divididas entre plenárias organizadas pelo Governo Federal, mas com ampla participação social e atividades auto-organizadas por entidades da sociedade civil.
Hoje (06), seu último dia, a temperatura subiu um pouco. Pois a mistura um tanto caótica de debates, sugestões, protestos, alertas e denúncias reflete a diversidade extrema de interesses e questões relacionadas à região. O encontro serviu para colocar em contato ONGs e representantes de governos da Amazônia; para que representantes da sociedade civil, ativistas e especialistas de diferentes segmentos se encontrassem e articulassem iniciativas entre si; e também para que formulassem propostas para apresentar aos chefes de Estado da região.

Também hoje, manifestantes fizeram um ato contra a exploração de petróleo na região amazônica. Com cartazes, fizeram corpo a corpo para angariar mais apoio.
A manifestação é dirigida principalmente por causa do pedido feito pela Petrobras ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) que reconsidere o indeferimento da licença ambiental para perfuração de um poço exploratório no bloco FZA–M–059, na bacia da Foz do Amazonas, considerado o “novo pré-sal” do país.
O caso é acompanhado pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), que entrou com representação para que a Corte avalie o projeto da Petrobras de exploração de petróleo na margem equatorial brasileira.
O cacique do povo Karipuna, Edmilson Oliveira, representante do Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque, afirmou que a insatisfação se refere também à falta de diálogo com os povos tradicionais.

“Estamos preocupados com esse projeto. A nossa costa tem três rios, com águas do oceano. Não estamos informados adequadamente de como se dá esse processo. Nós temos o nosso protocolo de consulta, nós exigimos a consulta!”, disse. “Quando eles falam que as terras indígenas estão fora de qualquer perigo, é motivo de preocupação porque isso não é verdade.”
O Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque reúne 66 comunidades e mais de 15 mil indígenas. E de acordo com o cacique, o projeto já provoca impactos. “Já estamos sofrendo. O transporte terrestre corta a terra indígena Uaçá. Estamos sofrendo os impactos aéreos, aeronaves e helicópteros passam rasante, assustando crianças e as caças. Também estamos passando por dificuldades porque perdemos as roças por pragas. É o nosso sustento. É fonte de renda”, reatou o cacique Edmilson.