A Petrobras anunciou, nesta segunda-feira (20), que recebeu autorização oficial do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar a perfuração de um poço exploratório de petróleo em águas profundas na costa do Amapá, na foz do rio Amazonas. O projeto, parte da chamada “Margem Equatorial”, reacende o debate sobre a expansão da fronteira petrolífera brasileira em um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta — e ocorre a poucas semanas da Conferência do Clima da ONU (COP30), que será sediada pelo Brasil em novembro, em Belém (PA).

Segundo a Petrobras, o objetivo é avaliar o potencial de novas reservas de petróleo e gás natural em uma área localizada a mais de 150 quilômetros da costa. A empresa afirma que o projeto segue “os mais rigorosos padrões de segurança e sustentabilidade”, e que o licenciamento ambiental inclui planos de resposta a emergências e monitoramento de impactos sobre a fauna marinha e as comunidades costeiras.

Entretanto, organizações ambientais e especialistas em clima criticaram duramente a decisão. Para eles, a iniciativa contraria o discurso do governo brasileiro de liderança global na transição energética e coloca em risco ecossistemas ainda pouco estudados. “A foz do Amazonas é uma área de alta biodiversidade, com corais únicos e espécies endêmicas. Qualquer vazamento ali teria consequências irreversíveis”, alertou a oceanógrafa Marina Soares, do Instituto Socioambiental (ISA).

A autorização também gerou desconforto político. Representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima teriam manifestado preocupação com o impacto simbólico da medida, especialmente diante da proximidade da COP30, onde o Brasil pretende apresentar metas ambiciosas de descarbonização.

Já a Petrobras defende que a Margem Equatorial pode ser “o novo pré-sal” e desempenhar papel estratégico para a segurança energética nacional. A companhia afirma ainda que a transição energética “precisa ser justa e gradual”, e que os recursos provenientes da exploração podem financiar investimentos em energia renovável.

Enquanto ambientalistas pedem transparência e revisão da decisão, o episódio coloca em evidência o desafio do governo brasileiro de conciliar desenvolvimento econômico e liderança climática — um equilíbrio que estará sob os holofotes globais nas próximas semanas.

By FFN

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