Belém, a capital paraense, se tornou o centro das atenções mundiais com a realização da Aldeia COP, espaço criado para acolher e fortalecer a presença dos povos indígenas durante a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30). A iniciativa é coordenada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI), com apoio da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

A inauguração da Aldeia COP, em Belém, marcou o início de uma das experiências mais significativas da COP30. A cerimônia de abertura reuniu lideranças indígenas, representantes do governo e convidados internacionais em um momento de celebração e afirmação cultural. Com cânticos, danças tradicionais e rituais de boas-vindas, o evento simbolizou a união dos povos em defesa da Amazônia e do clima global. Durante a solenidade, o Ministério dos Povos Indígenas destacou que a Aldeia COP é um espaço de protagonismo e diálogo, criado para garantir que as vozes indígenas sejam ouvidas nas discussões climáticas. O clima foi de emoção e expectativa, refletindo o espírito coletivo de resistência e esperança que orienta toda a programação do encontro.
Um espaço de acolhimento e articulação
Instalada na Escola de Aplicação da UFPA, no bairro Terra Firme, a Aldeia COP oferece estrutura completa de hospedagem, alimentação e convivência para cerca de 3 mil indígenas vindos de todas as regiões do Brasil, além de representantes de povos originários de outros países da Amazônia.
O espaço foi pensado como mais do que um alojamento: é também um centro de trocas culturais, debates e formação política. Nele, acontecem oficinas, rodas de conversa, rituais, exposições e apresentações artísticas que evidenciam a diversidade e a força dos saberes tradicionais.
Programação diversificada
Durante os dias da conferência, a Aldeia abriga uma intensa programação com painéis e debates sobre governança territorial, finanças climáticas, bioeconomia, saúde indígena, tecnologia e demarcação de terras. Também há espaços dedicados à arte e cultura indígena, com mostras de artesanato, música e gastronomia tradicional.

Uma parte dos participantes — cerca de 400 lideranças — tem credenciamento oficial para participar da chamada “Zona Azul”, onde ocorrem as negociações formais da COP30. A presença dessas lideranças amplia a voz indígena dentro das decisões internacionais sobre o clima.
Você pode conferir toda a programação no site do Ministério dos Povos Indígenas
https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2025/10-1/mpi-divulga-a-programacao-da-aldeia-cop
Importância política e simbólica
A Aldeia COP representa um marco histórico na participação indígena em conferências do clima. Além de garantir estrutura e acolhimento, o espaço reafirma o papel central dos povos originários na preservação das florestas e na busca por soluções sustentáveis para o planeta.

Mais do que um evento paralelo, a Aldeia se consolida como um território político e simbólico, onde as comunidades indígenas compartilham experiências e constroem estratégias conjuntas de enfrentamento às mudanças climáticas, reforçando que não há justiça climática sem justiça para os povos indígenas.
Legado para além da COP30
Ao final do evento, a expectativa é que a Aldeia COP deixe um legado permanente de mobilização e articulação indígena, fortalecendo redes de colaboração entre diferentes etnias e ampliando o diálogo entre saberes tradicionais e ciência.
A presença dos povos originários em Belém, em um espaço pensado por e para eles, demonstra que a solução para a crise climática passa, necessariamente, pelo reconhecimento e pela valorização dos modos de vida indígenas.
