Imagem divulgação

De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), revela que 734.573 km² do território está enfrentando condições de seca fraca ou moderada. Mesmo assim, essa é a maior área atingida pelo fenômeno desde que o Pará passou a ser coberto pelo estudo em abril passado. E é em meio a esta onda de calor, que a Amazônia enfrenta uma crise a mais com a ocorrência de uma seca que provocou a queda no nível de rios importantes para a região. Como por exemplo, em Manaus, o rio Amazonas já baixou 7,35 metros, mas a situação preocupa também em outras partes. No Pará, a área afetada pela seca avançou de 48% para 59% entre os meses de julho e agosto, segundo a Agência.

A piora da condição no Pará é resultado da baixa ocorrência de chuvas nos últimos meses. Com isso, houve um avanço da seca fraca no nordeste, no leste e no centro do estado e da seca moderada no noroeste. A área de seca moderada, por exemplo, passou de 9% para 12% do território paraense.

Pará tem mais de 734 mil km² afetados pela seca – Fonte: ANA

A seca nos rios do estado do Pará tem causado diversos problemas para a população, a economia e o meio ambiente. Algumas das consequências são:

  • Dificuldade na navegação fluvial, que afeta o transporte de cargas e pessoas, especialmente as que dependem dos rios para se locomover e abastecer. Muitos navios que trazem insumos para as fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) estão enfrentando congestionamento no porto de Vila do Conde, em Barcarena, onde precisam fazer o transbordo das mercadorias para balsas.

  • Prejuízo para os pescadores, que sofrem com a escassez de peixes e a redução da renda. Alguns parlamentares pediram ajuda aos pescadores paraenses afetados pela seca, nos mesmos moldes das medidas para os demais estados da região Norte.

  • Risco de incêndios florestais, que podem se alastrar com mais facilidade devido à baixa umidade do ar e à vegetação seca. Além de causar danos à biodiversidade, os incêndios também contribuem para o aumento das emissões de gases de efeito estufa e da poluição do ar.

  • Crise de energia, que pode afetar não só o Pará, mas também os países vizinhos que dependem da hidrelétrica de Itaipu, localizada no rio Paraná. A seca reduz o nível dos reservatórios e compromete a geração de energia elétrica.

Segundo os especialistas, a seca fora do normal nos rios da Amazônia está relacionada à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. A previsão é de mais estiagem nos próximos meses, atrasando o início da estação chuvosa, que começaria a partir de outubro.

A seca severa na Amazônia tem prejudicado a comunidade ribeirinha, o exemplo disso é o que está acontecendo com quem reside nas reservas extrativistas de Altamira, localizadas no sudoeste do Pará. Segundo relatos dos moradores mais antigos, esse fenômeno já ocorreu em anos anteriores, mas neste ano a redução do nível da água é ainda mais severa.

Na Reserva Extrativista do Riozinho do Anfrísio, situada a mais de 400 km de Altamira, apenas um estreito canal continua navegável em alguns trechos. Por isso, os moradores tiveram que fazer um mutirão para remover a grande quantidade de galhos secos que obstruíam o leito do rio que dificultavam ainda mais a navegação tornando o acesso mais difícil. Deixando-os praticamente ilhados, inclusive, sem água potável.

Rio Tapajós – Foto: SEMAS

A estiagem também se intensificou na Reserva Extrativista do Iriri, a cerca de 600 km de Altamira. Nesta região, o transporte por voadeira está mais demorado devido à grande quantidade de pedras, o que exige cuidado dos pilotos para evitar colisões com outras embarcações.

A estiagem também tem atingido os pecuaristas no sudeste do Pará. Só em Bom Jesus do Tocantins mais de 100 cabeças de gado já morreram debilitados por falta de pasto, principal comida dos animais na região. Pois o pasto é a comida mais barata para o boi e sem ele, os criadores de gado estão com dificuldades para manter os rebanhos, que estão magros e debilitados.

Segundo a Defesa Civil da cidade, este ano a seca está mais intensa que em anos anteriores e 110 mortes foram registradas nas últimas semanas. Ainda conforme a Defesa Civil, a cidade de 18 mil habitantes, tem 258 mil cabeças de gados registradas junto à Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará. Os pastos verdinhos estão secos ou acabaram morrendo, por conta do calor e falta de chuva.

By FFN

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *